Especial: Ser transportador nos dias de hoje

A profissão de transportador sempre teve um viés romântico. Aquele sonho de criança de dirigir um caminhão, seguir os passos do pai e, até mesmo, trabalhar com mais liberdade, ir onde quiser e ser dono do próprio nariz. Nunca foi tarefa fácil, alguns poucos foram bem-sucedidos e outros tantos lutam diariamente para dar uma vida mais confortável para sua família.

Talvez não tem nada de romântico em ser motorista de caminhão nos dias de hoje, mas o profissional não desiste. Ainda no segmento de VUCs – veículos urbanos de carga – existe um fator a mais, já que o motorista pode guiar um caminhão pequeno com a carteira de habilitação categoria “B”. Assim, muitos trabalhadores que saíram do seu emprego, pegam o dinheiro da rescisão e investem em um VUC para trabalhar por conta própria. Já vimos muitos casos assim.

O caso do transportador Edson Carvalho Oliveira foi mais ou menos assim, ele ganhou um veículo de passeio num sorteio. Conclusão, vendeu o carro e comprou um Hyundai HR, em seguida pediu demissão e começou a fazer fretes com a ajuda do irmão, Mário Carvalho de Oliveira.

Os irmãos Mario e Edson Carvalho (fora do caminhão)

Já a Juliane Campo, de 28 anos, chegou no transporte por conta da herança deixada pelo pai: o amor pelo caminhão. “Meu pai é motorista e depois eu me casei com uma pessoa que também trabalhava como transportador de carga. E acabei pegando gosto pelo trabalho”, explica a moça.

Juliane Campo, vem da baixada santista para abastecer no Ceagesp

Mesmo assim, não podemos negar a importância da categoria de transportadores de cargas terrestres no nosso país, principalmente, e mais especificamente, os que carregam produtos dentro das cidades. Haja vista a desarmonia que aconteceu durante e depois da greve dos caminhoneiros no final de maio, que deixou supermercados vazio e bagunçou toda a projeção da economia para crescimento do Brasil neste ano.

O presidente do Setcesp, Tayguara Helou, é o primeiro a admirar e reconhecer o valor dos nossos motoristas. “O transportador brasileiro é um guerreiro, temos que tirar o chapéu para ele. Ele é resiliente, trabalhador, sério. São eles que que viabilizam a nossa vida, eles levam suprimentos para uma maternidade, alimentos para a mesa da família, medicamentos para as farmácias. Eles viabilizam o desenvolvimento econômico do nosso país, a indústria, o varejo, o comercio, a rede de serviços. A sociedade tem que tirar o chapéu para nossos queridos motoristas, que conduzem os veículos e fazem tudo isso acontecer”, comenta.

Marcos Tadeu Barcelos começou como motorista de caminhão de gás, hoje tem um Hyundai HR 2007 e pretende adicionar outro e, quem sabe, começar uma pequena frota.

“O transporte tem papel fundamental para o desenvolvimento do país. Oferecer uma infraestrutura ampla e com qualidade é imprescindível para o estímulo à competitividade e ao crescimento”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade.

O motorista de caminhão é um profissional tradicional, que vive hoje problemas que não tinha no passado. O risco de roubos e assaltos é um fator que desmotivam novos profissionais, além disso, o alto custo do combustível, ruas e estradas em más condições e o baixo valor dos fretes são fatores que causam preocupações. Por outro lado, a tecnologia chegou para ajudar os transportadores, tanto na questão da mobilidade dentro das cidades quanto na hora de buscar carretos.

Anderson de Almeida Pinto começou por acaso, surgiu uma oportunidade de trabalho, ele fez a entrevista e logo começou a trabalhar como funcionário, dirigindo um Mercedes-Benz Vito.

Além disso, os veículos estão muito mais seguros e tecnológicos, com novos modelos sendo apresentados quase que mensalmente. Os motoristas estão mais conscientes em relação à atualização e capacitação profissional. Está sempre atrás de informações para garantir mais conhecimento do setor, o que lhe assegura maior competitividade.

No segmento de VUCs existem muitas empresas que trabalham com funcionários como motoristas, mas muitas outras contratam os agregados, além disso muitos profissionais preferem trabalhar como autônomos. Para se ter uma ideia, segundo os dados da CNT (Confederação Nacional do Transporte), a frota de caminhões, com registro em 2017, é composta de 1.088.358 veículos de empresas, 553.643 veículos de caminhoneiros autônomos e 22.865 veículos de cooperativas.

Encontramos com o Vinicius Sousa Cury enquanto ele carregava o Ford Cargo 816 do qual dirige. Vinicius, que trabalha como motorista há quatro anos, presta serviços para a Bela Hortifruti

Existem várias histórias nas vidas desses profissionais. Hoje funcionário, Fred Nunes, 38 anos, é do tipo que gosta muito do que faz e veste a camisa da empresa. “Se você não gosta do que faz, então tem que parar”, explica o motorista. Ele não descarta, porém, ter um veículo próprio e trabalhar como autônomo, prestando serviços para a mesma empresa.

Outro funcionário, Luiz Carlos Silva, está na mesma situação, com CNH categoria D, ele dirige um Mercedes-Benz Acello 815, e um dia pretende ser autônomo, mas para isso, quer comprar um caminhão similar ao que guia hoje.

Luiz Carlos Silva um dia pretende ser autônomo, para isso, tem planos de comprar um caminhão como o que dirige ou uma Mercedes-Benz Sprinter.

Boas práticas no trânsito

Não precisa treinamento e nem capacitação profissional para ser educado no trânsito, e por consequência garantir a segurança, sua, dos ocupantes do seu veículo e de quem está fora dele, ou seja, pedestres, ciclistas, motocicletas e outros carros.

O que todos nós, motoristas profissionais ou não, precisamos levar para o trânsito é ser prudente ao volante, respeitar leis de trânsito e ser gentil. Afinal, praticar a gentileza muitas vezes pode salvar vidas.

A primeira coisa que se devemos pensar é ter uma direção defensiva – deixar a disputa e os riscos para pilotos de automobilismo, que são treinados para isso. Muitas empresas oferecem cursos nesse segmento, e reciclagens periódicas, além de usar sistemas de monitoramento e telemetria para garantir o bom comportamento da sua frota.

Viva São Cristóvão

Em 25 de julho é comemorado o Dia do Motorista, porque tem como padroeiro São Cristóvão e esse é o dia dele. Cristóvão significa “aquele que carrega Cristo”, nome que ganhou quando se converteu e passou a carregar as pessoas de uma margem do rio para a outra. Um certo dia, ao carregar um menino, sentiu que a criança ficava cada vez mais pesada, então disse que parecia que carregava o mundo nas costas. O menino, então, falou: “Não carregas o mundo, e sim seu criador. Sou Jesus, aquele a quem serves”.

E vale a oração: Ó São Cristóvão, que atravessastes a correnteza furiosa de um rio com toda a firmeza e segurança, porque carregáveis nos ombros o Menino Jesus, fazei que Deus se sinta sempre bem em meu coração, porque então eu terei sempre firmeza e segurança no guidão do meu carro e enfrentarei corajosamente todas as correntezas que eu encontrar, venham elas dos homens ou do espírito infernal. São Cristóvão, rogai por nós. Amém.

Eriberto José da Silva começou há 20 anos, com um carro pequeno e foi mudando, passou pela Kombi, trabalhando com hortifrúti. Atualmente dirige um veículo próprio, uma Hyundai HR 2011

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