Futebol moderno: reza e mandinga dão lugar à ciência

A coluna Falando de esportes é escrita por Carlos Briotto, jornalista formado pela Universidade Metodista
A coluna Falando de esportes é escrita por Carlos Briotto, jornalista formado pela Universidade Metodista

Imaginem a seguinte situação: seu time está na final. Já são 48 minutos do segundo tempo, nervos à flor da pele, o jogo está zero a zero e……..fim de jogo. O árbitro trilha o apito e aquilo que todos temiam vai acontecer. O título será decidido nas cobranças de pênaltis. Agora é loteria. Quem tiver mais sorte, quem tiver o goleiro mais inspirado ou o melhor cobrador leva vantagem e sagrar-se-á campeão.

E nós, torcedores, sempre achamos que o adversário está mais bem preparado para ganhar. Que em algum momento nosso jogador, seja ele aquele zagueiro caneludo, seja aquele lateral que na hora de bater não toma distância ou aquele que é o craque do time e craque que é craque não dá chutão, coloca a bola, vai errar a cobrança e, adeus título.

Aí vem o milagre. O goleiro acerta todos os cantos e defende as cobranças ou seus batedores acertam todas as bolas no gol. Você, você não acredita e grita é campeão, é campeão. Neste momento, você que é pura razão e nenhum pouco supersticioso, credita a vitória a sua reza, a mandinga ou aquele canto do sofá que sempre é ocupado quando seu time joga.

Se você realmente acha que seu time ganhou por causa da sua reza ou por causa da sua mandinga, tenho uma má notícia para lhe dar. Seu time não ganhou por causa disso. Ganhou sim por causa da Análise de Desempenho.

E agora, o que isso significa?

Análise de desempenho é uma metodologia utilizada que visa analisar uma partida de futebol e traduzi-la em números. Procura estudar seus adversários e entender seus pontos fortes e fracos. Tem o objetivo de captar, medir, buscar e conhecer o desempenho dos indivíduos, entender como os jogadores da sua equipe reagem em determinadas situações, extrair deles o seu melhor, o seu máximo em desempenho físico e mental.

Hoje o futebol se tornou um esporte de objetividade, onde as ações devem ser potencializadas e os erros minimizados. Futebol é muito dispendioso, perder um título ou deixar de avançar em uma competição por causa de detalhes, que poderiam ser minimizados com auxílio do estudo, podem fazer a diferença, por exemplo, na renovação ou não de um patrocínio, na contratação de um jogador ou no dinheiro que se recebe dos direitos de transmissão.

Isso tudo é realizado por meio de softwares onde as informações são inseridas no programa e, através de algoritmos, esses dados são transformados em números que auxiliam nas interpretações para depois serem traduzidas em conhecimentos.

Voltando ao exemplo acima, as defesas do goleiro ou os pênaltis convertidos não foram por causa das mandingas ou superstições, muito menos por mera sorte. Foram sim por causa dos levantamentos estatísticos realizados pela equipe de análise de desempenho, que municiaram os jogadores com informações que deram aos cobradores condições de saber, por exemplo, para que lado do gol o goleiro sempre pula ou para o goleiro, onde determinado jogador tem a maior propensão de chutar a bola e com isso, tomar a decisão mais acertada na hora de cobrar o pênalti, no caso do jogador ou na hora de defender, no caso do goleiro.

No Brasil, este tipo de trabalho ainda é incipiente e está em franco desenvolvimento, mas os principais clubes brasileiros já se utilizam desta ferramenta. Na Europa esse processo é bastante difundido e já são plenamente utilizados por todos os clubes europeus desde a década de 60. Nos outros esportes idem. Tem até um filme onde esta situação é muito bem explicitada e foi o diferencial entre o fracasso e o sucesso de uma equipe de basebol americana. Tem até o Brad Pitt no elenco – mas não assistam o filme por causa dele. Trata-se do filme Moneyball: O Homem que mudou o Jogo. É fantástico. Quem puder dá uma olhada. Vale apena assistir.

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