Segmento de VUCs: bons ventos sopram em 2019

Confira a opinião dos especialistas do segmento de comerciais leves para o ano de 2019, Mercado automotivo deve crescer dois dígitos no ano que vem e os VUCs têm grande influência nesse resultado

Texto: Carolina Vilanova | Fotos: Divulgação

No final das contas, o ano de 2018 foi um período de recuperação para o mercado de de automóveis e caminhões de maneira geral. No começo do ano, os ânimos estavam aguçados em todos os setores da sociedade, mas não podemos dizer exatamente que esse entusiasmo perdurou por muito tempo.

Acontecimentos mexeram com o país e mexeram também com a previsão de crescimento que estava registrada. A greve dos caminhoneiros foi o mais significativo deles, parando o país por onze dias e reduzindo em muito possibilidade de recuperação da nossa economia.

Além disso, tivemos a Copa do Mundo, e como todo mundo sabe, o brasileiro deixa tudo de lado para torcer pela seleção, que ficou nas quartas de final mais uma vez. E para completar o quadro de “segura as pontas”, a turbulência das eleições fizeram mais uma vez com que tudo fosse colocado à espera.

Mas no fundo, acho que deu tudo certo. O mercado está começando a reagir, os investimentos foram mantidos e o consumidor encontrou um trocado a mais para gastar no Natal. Na indústria automotiva, as vendas registradas até o mês de novembro de 2018 foram de 2,3 milhões de veículos, um crescimento de 15% sem relação ao mesmo período do ano anterior.

Para se ter uma ideia, o mercado de automóveis e comerciais leves cresceu 14,2% no mesmo comparativo, enquanto o de caminhões foi muito melhor, com alta de 49% – 68,3 mil contra 45,9 mil unidades. Também, depois de tudo que perdeu nos últimos três anos.

Antonio Megale, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), aposta na retomada da economia para o ano de 2019. “Acreditamos na retomada da economia no ano que vem e quando isso ocorre o setor sempre vem junto”, comentou em reunião com imprensa. “Tenho convicção de que o setor vai crescer dois dígitos, algo em torno de pelo menos 10% a 11%”, aposta.

Antonio Megale, presidente da Anfavea

Segundo o executivo, a expectativa é baseada nas projeções de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do próximo ano, de 2,53%, ante 1,3% em 2018.

A mesma opinião tem o presidente do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de SP e Região), Tayguara Helou. “2019 será um ano muito bom, eu não tenho dúvidas disso. O cenário político se modificou e o Brasil entrará em uma nova fase; a economia deve crescer entre 2% e 3%, o que significará um impacto direto no crescimento das empresas de transporte de cargas. Se o novo governo seguir com o que vem sinalizando, como o apoio às empresas e a simplificação do ambiente para os negócios, o Brasil vai decolar. Tenho conversado com muitos empresários e o otimismo é consenso entre todos!”, diz otimista.

Tayguara Helou, presidente do Setcesp

Ele enfatiza que para os motoristas de VUCs, há uma expectativa para aumento da demanda de entregas urbanas. “Há muitos anos o setor de transporte sofre com injustas restrições à circulação dos veículos de cargas na cidade de São Paulo, restrições estas que nunca colaboraram com a segurança do trânsito ou a redução dos congestionamentos, pois quanto menor o veículo, mais são necessários para escoar uma determinada produção. Isso não quer dizer que apoiamos uma carreta no centro da cidade em horário comercial, o que nós apoiamos é o que a atual gestão da Prefeitura de São Paulo fez incentivando o uso de um veículo apropriado para a distribuição urbana, ou seja, o VUC cadastrado que agora está fora do rodízio. O ambiente nunca foi tão favorável às operações com o VUC em São Paulo, pois o motorista que tiver um VUC terá a possibilidade de produzir muito mais com este veículo do que outros motoristas com veículos menores, assim entregando ao cliente muito mais vantagens”, observa Tayguara.

Representante do segmento de implementos, Osmar de Oliveira, sócio-diretor da 4 Truck, também está otimista com o mercado futuro, mais precisamente em relação a 2019. A empresa, com sede em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, projeta crescimento de 30% no ano que vem.

Sob a perspectiva de ritmo contínuo de crescimento nos próximos 3 anos, a implementadora pretende investir pesado em 2019. O intuito é absorver o aumento da procura por seus respectivos produtos e serviços, já que a carteira de vendas da 4TRUCK já está tomada até fevereiro.

“A retomada da confiança por parte do empresariado, a maior disponibilidade de financiamento para a aquisição de veículos e implementos, como BNDES e bancos comerciais, além do crescimento da demanda por transporte em setores como farmacêutico e e-commerce, impactaram positivamente o mercado de implementos rodoviários em 2018”, explica Osmar.

O mercado de implementos rodoviários de uma maneira geral, está vivenciado um cenário bastante diferente e fecha 2018 com forte alta. Segundo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir) houve aumento de 33,6% no emplacamento de novos produtos entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2017.

 

Opinião de quem vende 

Juliano Machado, gerente de Marketing de Produto da FCA, acredita que as expectativas para o próximo ano são animadoras. “As vendas de veículos comerciais leves acompanham os indicadores futuros da economia. Já temos visto uma procura maior por veículos de carga e passageiros. Também devemos ter um aquecimento de veículos transformados, como ambulâncias. Inicialmente o aquecimento está acontecendo nas pequenas e médias frotas, porém, para 2019, esperamos uma melhoria das grandes contas também. Nossa expectativa para o Fiat Ducato é de uma venda um pouco maior do que em 2018, com aproximadamente 400 unidades mensais”, afirma.

Juliano Machado, da FCA Fiat Chrysler

Em pronunciamento no evento de final de ano, Rogelio Golfarb, vice-presidente de Assuntos Corporativos, Comunicação e Estratégia da Ford América do Sul, apresentou um balanço do cenário econômico e das perspectivas da indústria para 2019. Segundo ele, o mercado automotivo caminha para fechar o ano com um crescimento entre 15% e 16% e vendas na casa de 2,6 milhões de unidades. A expectativa para 2019 é crescer de 10% a 12% e chegar a 2,9 milhões de veículos.

Rogelio Golfarb destacou a importância do setor automotivo na recuperação da indústria, respondendo por 70% do seu crescimento em 2018, e o avanço das vendas diretas para frotistas, uma tendência que deve se reforçar em 2019, trazendo desafios adicionais de custos. Para ele a palavra que definiu o ano de 2018, foi: “intenso”.

Rogelio Golfarb, da Ford

Outra marca que comemorou foi a Mercedes-Benz, que em 2018, alcançou um excelente desempenho de vendas com a Linha Sprinter – da categoria de Large Vans (3,5 a 5 t de PBT) – no transporte urbano de cargas. Segundo Jefferson Ferrarez, diretor de Vendas e Marketing Vans da Mercedes-Benz do Brasil, as vendas de furgões Sprinter cresceram 60% e dos modelos chassi com cabina aumentaram quase 20%. Esses excelentes resultados se devem ao aquecimento de atividades logísticas de distribuição geral de produtos nos grandes centros urbanos e pelas entregas do comércio eletrônico – e-commerce.

“Para 2019, prevemos um crescimento de 20% no mercado brasileiro no segmento no qual atuamos com a Linha Sprinter. Estamos otimistas para realizar mais negócios e obter maior participação de mercado, mantendo a liderança conquistada nos últimos dois anos. Nossos clientes reconhecem os nossos produtos pelo baixo custo operacional e excelente valor de revenda. Dessa forma, o investimento do cliente no produto Sprinter tem retorno assegurado, pagando-se rapidamente”, avalia o executivo.

Jefferson Ferrarez, da Mercedes-Benz

Roberto Cortês, Presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus e membro do Board do Grupo Traton, também em discurso de final de ano, falou que o maior acontecimento de 2018 para a VW Caminhões e Ônibus e MAN foi que as empresas passaram a fazer parte do grupo Traton, que tem o objetivo audacioso de se tornar o maior produtor do setor de transporte no mundo.

“Em relação ao ano de 1018, eu estou convicto, que foi encerrado oficialmente um dos períodos de crises mais sérios da indústria automotiva no Brasil. Tivemos um sinal de recuperação forte, a indústria de caminhões cresceu 49% de janeiro a novembro de 2018. E a nossa marca superou esse número, crescemos 51% nesse período. Um dos motivos desse resultado foi em função do lançamento da linha Delivery, que foi um sucesso absoluto de mercado”, afirma.

Roberto Cortês, da MAN VWCO

Ele continua: “o Grupo Traton se prepara para uma eventual entrada no mercado de capitais, e não sabemos ainda o que isso vai significar, mas o que podemos dizer para o ano de 2019 é que todos os indicadores são positivos, certamente estamos na rota do crescimento. Também posso afirmar que teremos novidades nas feiras do ano que vem. O Brasil foi, é e continuará sendo prioritário para o Grupo”, comenta.

“Confirmamos a continuidade do nosso plano de investimento quinquenal, de 2018 a 2022, de 1 bilhão de meio de reais e esperamos que, o que vem sendo falando desde a nomeação do novo governo seja concretizado. Temos esperança que esse novo governo ataque a questão fiscal e de infraestrutura para tornar o país mais competitivo e que haja igualdade de condições com outros países. Precisamos retomar o debate sobre a renovação dos caminhões, hoje com 17 anos de vida e na Europa de 5 a 7 anos”, finaliza Cortês.

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