Coluna Falando de esportes: Futebol está ruim, chama o Pacheco

A coluna Falando de esportes é escrita por Carlos Briotto, jornalista formado pela Universidade Metodista
A coluna Falando de esportes é escrita por Carlos Briotto, jornalista formado pela Universidade Metodista

O futebol brasileiro está num momento complicado. Nossa seleção não encanta ninguém, joga um futebol pífio e não consegue ganhar de times que até pouco tempo eram nossos fregueses de carteirinha (vide últimos amistosos com a Colômbia e Peru). Temos um técnico “filósofo” e que não consegue dar padrão de jogo ao time, além de convocar jogadores de nível técnico questionáveis.

Nossos clubes participam de torneios internacionais e dão vexame atrás de vexame (vide Corinthians e Atlético/MG na Sul-Americana). E para ajudar, na última semana de setembro, ao final da 21ª rodada do campeonato brasileiro, conseguimos mostrar que o buraco da incompetência é mais fundo do que pensávamos.

Nesta rodada tivemos oito jogos e quatro demissões de técnicos de futebol. E o motivo para isso são os mais variados. Vamos ver: Cuca não aguentou a pressão dos maus resultados e após seis meses de trabalho pediu demissão, o clube, sem projeto aceitou correndo. O Cruzeiro demitiu Rogério Ceni após dois meses no cargo.

O ex-técnico da Raposa não conseguiu desenvolver seu trabalho e teve problemas de relacionamento com os jogadores, principalmente as estrelas. Zé Ricardo, do Fortaleza, não teve nem tempo de mostrar para o que veio, foi demitido após dois meses de trabalho justamente porque o Fortaleza quis recontratar o Rogério Ceni que havia deixado os cearenses para treinar os mineiros. O Fluminense.  Ah, o Fluminense. Este merece destaque. Após demitir Fernando Diniz o clube das Laranjeiras foi atrás de Oswaldo de Oliveira. Após um mês de trabalho ele foi demitido do clube por ter discutido com o Jogador Ganso.

Levantamento feito pelo globoesporte.com traz um Raio-X da situação dos técnicos brasileiros. O levantamento mostra, por exemplo, que a vida útil de um técnico num clube de futebol é de 6 meses, em média. Os motivos para isso, geralmente, são após eliminação de torneios ou sequência de resultados ruins. Isso vai na contramão do futebol europeu que aposta em projeto e não em resultados a curto prazo.

Só para dar um exemplo, na temporada 19/20 da Premier League, que começou por volta de junho, houve apenas uma troca até o momento. O modesto Watford, lanterna do campeonato Inglês, demitiu o técnico Javi Garcia após 594 dias (20 meses) no comando da equipe.

No Brasileirão só temos dois técnicos com mais tempo no cargo. Renato Gaúcho, do Grêmio e Odair Hellmann, do Internacional. O gremista com 37 e o colorado com 23 meses de trabalho. O Grêmio é semifinalista da Libertadores e o Inter foi vice-campeão da Copa do Brasil. Alguma relação com o entra e sai de técnico?

O levantamento mostra que este ano os 25 clubes mais importantes do futebol brasileiro já trocaram 50 vezes de técnicos. Uma verdadeira máquina de triturar técnicos.

Se formos levar em conta desde 2003, época em que foi instituído o sistema de pontos corridos, nossos clubes já trocaram mais de 1.174 vezes de técnicos. O Fortaleza é o recordista com 66 trocas e Corinthians e Cruzeiro são os que menos realizaram com 30 trocas cada.

Vendo esses históricos, não há como deixar de refletir que o problema do nosso pobre, ineficiente e, a cada dia que passa, menos respeitado futebol não está associado somente ao nível de nossos técnicos, mas sim ao amadorismo e falta de planejamento dos dirigentes e dos clubes.

Mesmo assim, se seu clube continuar perdendo jogos, troca de técnico e chama o Pacheco que ele resolve.

 

Abaixo ranking das equipes que mais trocaram de técnicos desde 2003.

 

1º Fortaleza/CE – 66

2º Atlético/PR – 65

3º Bahia/BH – 65

4º Vitória/BH – 65

5º Ponte Preta/SP – 62

6º Ceará/CE – 62

7º Figueirense/SC – 59

8º Avaí/SC – 57

9º Sport/PE – 57

10º Goiás – 55

 

Primeiros colocados no Brasileirão

Equipe                        trocas desde 2003        este ano  

1º Flamengo/RJ                53                                          2

2º Palmeiras/SP               38                                          1

3º Santos/SP                     34                                          0

4º Corinthians/SP            30                                          0

5º Internacional/RS        33                                          0

6º São Paulo/SP               37                                          4

7º Grêmio/RS                   31                                          0

8º Bahia/BH                       65                                          2

9º Atlético/PR                   65                                          1

10º Atlético/MG              38                                          2

 

 

 

ÚLTIMOS POSTS