Coluna Meio Ambiente: Estamos no planeta Água

A coluna Meio Ambiente é escrita por Valquiria Stoianoff, jornalista formada pela Universidade Metodista
A coluna Meio Ambiente é escrita por Valquiria Stoianoff, jornalista formada pela Universidade Metodista

Mais de 70% da superfície da terra é composta por água. É uma das substâncias mais abundantes do planeta. Ela é fundamental para a vida de todas as espécies. Esse recurso está distribuído no planeta terra da seguinte forma – 97,5% de água salgada e apenas 2,5% é de água doce.

Considerada um recurso natural abundante, seu uso pode gerar conflitos entre várias regiões do mundo. Dos 2,5% de água doce existente no planeta, 0,3% se referem aos rios e lagos, 0,9% estão distribuídos em solos, pântanos e geadas, 69,2% (a maior parte) estão nas geleiras e neves eternas e 29,6% são água subterrâneas (tema desta coluna).

Brasil, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Índia, Colômbia, República Democrática do Congo e China são os países que mais concentram água doce no mundo, o que corresponde a aproximadamente 60% da água doce do planeta. Desse total mundial, cerca de 12% dos recursos hídricos estão no Brasil.

Águas subterrâneas

Aquíferos são reservatórios subterrâneos de água. Essas reservas não são rios ou lagos subterrâneos. Eles são como espécies de esponjas gigantes, com a água ocupando os interstícios das rochas, como poros, fissuras ou rachaduras. Os aquíferos mantêm estáveis os cursos de águas superficiais como rios, lagos e nascentes.

Como podem ser utilizadas como fonte de água para consumo, exigem cuidados para sua preservação afim de evitar a sua contaminação.

Elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), no Mapa das Áreas Aflorantes dos Aquíferos e Sistemas Aquíferos do Brasil existem 182 aquíferos distribuídos pelo território nacional.

O maior aquífero brasileiro é o Sistema Aquífero Grande Amazônia e suas reservas estão estimadas em 162 mil quilômetros cúbicos. Água suficiente para abastecer 7 bilhões de pessoas, por 250 anos, com um consumo médio de 150 litros de água por dia.

A segunda maior reserva subterrânea de água no Brasil, Aquífero Guarani – nomeado em homenagem ao povo Guarani, em 1996 –, possui um volume de aproximadamente 55 mil km³ e profundidade máxima por volta de 1.800 metros, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente 166 km³ ao ano por precipitação. Com 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão o Aquífero Guarani abrange também parte dos territórios da Argentina, Uruguai e Paraguai.

O Aquífero Guarani, mais conhecido no Brasil, se estende por oito estados brasileiros – Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Riscos da exploração

No Brasil, temos muitas cidades que utilizam aquíferos como mananciais exclusivos ou como fonte complementar de abastecimento público.

Mas são necessários cuidados para que a utilização da água proveniente dos aquíferos. Aquífero Guarani, por exemplo, possui características distintas, dependendo das configurações geológicas locais e regionais, variando de Estado para Estado, de país para país.

As áreas em que existe o afloramento – exposição da rocha na superfície da terra – são as mais vulneráveis à poluição e demandam um monitoramento contínuo da qualidade e quantidade de suas águas.

A exploração sustentável depende da recarga. Estima-se que seja possível retirar algo como 20 a 30 km3 por ano em toda a sua extensão aflorante ou próxima ao afloramento.

O Aquífero Guarani tem um imenso potencial pouco explorado, mas por conta das características de confinamento, requer cuidados.

Sem a recarga pela chuva ou com a retirada excessiva de água, o manancial pode se esgotar.

Na cidade de Lages, em Santa Catarina, pesquisadores detectaram a presença de metais tóxicos em águas do Aquífero Guarani, altos índices de nitratos e coliformes relacionados à falta de coleta e tratamento de esgotos e presença de pesticidas na Usina Foz do Chapecó.

Outro exemplo, Ribeirão Preto, interior do Estado de São Paulo, é 100% abastecida por águas subterrâneas. Como o crescimento da cidade foi maior do que a capacidade das águas subterrâneas se renovarem, levou a rebaixamentos sistemáticos nos últimos 40 anos, mesmo estando em área que existe recarga. Por isso, são necessárias ações de gestão por parte dos órgãos responsáveis para equalizar a situação.

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