Meio ambiente: Ações sustentáveis geram impactos positivo

A coluna Meio Ambiente é escrita por Valquiria Stoianoff, jornalista formada pela Universidade Metodista
A coluna Meio Ambiente é escrita por Valquiria Stoianoff, jornalista formada pela Universidade Metodista

Vamos falar das suas fezes. Muita gente vai torcer o nariz, mas não podemos negar   que todos, desde o nascimento, temos essa experiência diariamente. As crianças quando se dão conta acham que fezes viram estrelinha. Desconhecem completamente o seu destino. Depois, aprendemos na escola que ele segue pela rede coletora e chega a uma estação de tratamento de esgoto. Estima-se que cada pessoa gera de 135 a 180 litros de esgoto por dia. E, é claro, que nessa conta não tem apenas as suas fezes, tem a água descartada de banheiro, pia, máquina de lavar roupa, entre outros.

Tratar os desejos que chegam a estação de tratamento de esgoto tem um custo muito elevado. E quem acompanha os nossos artigos da revista, deve-se lembrar que na última matéria, abordamos uma alternativa lucrativa com o aproveitamento do bio-gás gerado na estação de tratamento de esgoto que, além de ser usado para abastecimento de carros, evita o lançamento de gases nocivos na atmosfera.  E um pouco mais de pesquisa você descobre que além do bio-gás, muitas empresas estão transformando as suas fezes em algo lucrativo.

 

Equipamento que converte esgoto em água potável

Um equipamento interessante, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, transforma o esgoto em água potável. A empresa americana Janicki Bioenergy trata anualmente os dejetos de cerca de 100 mil pessoas. Existe um projeto-piloto em Dacar, no Senegal. A ideia da empresa é colocar máquinas que processem o esgoto de até 200 mil pessoas e possa converter em água potável para 35 mil pessoas. Lodo do esgoto em adubo. Outro projeto importante está sendo realizado em Botucatu, interior de São Paulo.

O lodo do esgoto é transformado em adubo. O projeto, desenvolvido pela Sabesp, tem capacidade para processar até 25 toneladas de lodo por dia.  O sistema de secagem e compostagem colabora para reduzir os impactos ao meio ambiente. O processo diminui a emissão de gases do efeito estufa, a utilização de aterros sanitários e os gastos para o descarte dos resíduos. Antes, o lodo que sobrava do tratamento de esgoto era transportado a um aterro sanitário em Paulínia, cerca de 150 km de Botucatu.

Com a iniciativa, a economia anual estimada é de mais de R$ 1 milhão. O projeto é realizado em parceria com a Prefeitura e a Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp (FCA). Atualmente, 15 toneladas de lodo úmido são processadas por dia em Botucatu. A transformação do lodo do esgoto em fertilizante contribui também para a despoluição dos rios e mananciais.

Chamado de Sabesfértil, o fertilizante produzido na Estação de Tratamento de Esgoto Lageado, em Botucatu, é uma solução que traz benefícios para o meio ambiente e para os agricultores ao transformar um resíduo que seria descartado em aterro sanitário (o lodo) em um novo produto para o plantio (o adubo). O fertilizante orgânico pode ser aplicado por fazendeiros em diversos cultivos, como cana-de-açúcar, café, maçã, laranja, milho, soja. Só há restrições para cultivos em áreas inundadas, pastagens e plantas cuja parte comestível tenha contato direto com o solo – como hortaliças, tubérculos e raízes.

O Sabesfértil tem alto teor de matéria orgânica, que já vem do próprio esgoto doméstico, especialmente nitrogênio e fósforo. Isso melhora as características físico-químicas do solo, como capacidade de retenção de água e a retenção de nutrientes. Para o produtor rural, a utilização do lodo de esgoto pode significar também uma redução de custos, já que ele poderá usar menos fertilizantes sintéticos, além de obter aumento de receita por causa do ganho de produtividade nas lavouras.

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