Entrevista

A química do controle de emissões

A redução de poluentes de veículos diesel está em primeiro lugar quando o assunto é preservação do meio ambiente, por isso, batemos um papo com Cláudio Furlan, gerente Comercial da Umicore, empresa especialista em catalisadores

Texto: Carolina Vilanova | Fotos: Divulgação

 

Revista Frete Urbano: A Umicore é uma empresa que chegou ao Brasil há mais de 50 anos e tem grande expertise no segmento de ciência de materiais. Em quais áreas atua e qual seu foco no mercado automotivo?

Cláudio Furlan: A Umicore é um grupo de tecnologia de materiais que têm suas atividades centralizadas em três áreas: Catálise, Energia & Tecnologia de Superfície e Reciclagem. A empresa é líder na fabricação e venda de catalisadores automotivos na América do Sul e também possui um Centro Tecnológico de Emissões Veiculares que atende toda a região. A Umicore fornece catalisadores para um a cada três veículos produzidos no mundo com aplicações para automóveis, caminhões e ônibus, além de motores estacionários. A divisão de catalisadores automotivos no Brasil há 24 anos, atendendo às principais montadoras instaladas no País. O Grupo tem operações industriais em todos os continentes, servindo uma base global de clientes, e cerca de 14 mil colaboradores.

RFU: A Umicore é uma das únicas fabricantes de catalisadores automotivos. Qual a importância desse produto para os veículos, qual sua função?

Furlan: O catalisador é responsável por transformar até 98% dos gases tóxicos da queima do combustível do veículo em vapores inofensivos. É um componente fundamental para o controle de emissões e saúde da população, principalmente em grandes centros urbanos, onde a concentração de veículos é alta.

A química do controle de emissões
A química do controle de emissões

RFU: A unidade de catalisadores automotivos fica em Americana, o que é produzido lá? Existe um centro de pesquisa também que funciona no mesmo local?

Furlan: Sim, na unidade de Americana, que completa 25 anos em 2016, nós produzimos catalisadores automotivos. Lá também está instalado o Centro Tecnológico de Emissões Veiculares, que atende projetos de montadoras e fabricantes de autopeças de dentro e fora do País. Vale ressaltar que a nossa estrutura é única na América do Sul. Possui 1.800 metros de área construída e capacidade para operar 24 horas por dia, além de contar com equipamentos de última geração.

RFU: Os catalisadores são obrigatórios em todos os veículos motorizados, isso reflete um grande trabalho dentro das montadoras. Como é esse desenvolvimento?

Furlan: O desenvolvimento do catalisador é feito junto a montadora e varia de acordo com o projeto de cada modelo de veículo.

RFU: E na hora que o consumidor vai comprar a peça, existe uma legislação muito rígida nesse sentido, inclusive com a fiscalização do Inmetro, não é?

Furlan: Sim. A retirada do catalisador ou o uso de peça falsa é uma infração grave passível de multa de R$127,69 e cinco pontos na carteira, podendo gerar a apreensão do veículo. A Umicore recomenda somente o uso de peças homologadas pelo INMETRO, identificadas com o selo da instituição.

RFU: Quanto tempo dura um catalisador e qual a recomendação de manutenção preventiva?

Furlan: O catalisador pode ter a mesma durabilidade doveículo, desde que seja realizada a correta manutenção, conforme descrito no manual do fabricante. No caso de catalisadores posicionados no assoalho do veículo, o impacto, comum em estradas de terra ou malconservadas, pode prejudicar o seu funcionamento. O abastecimento com combustível adulterado e substâncias presentes em óleos lubrificantes de má procedência também podem comprometer a sua eficiência e durabilidade.

RFU: Quais sintomas do veículo que está com o catalisador danificado?

Furlan: No caso de haver entupimento por derretimento da cerâmica, o veículo perde desempenho. No caso de quebra é notado ruído na carcaça metálica. Vale ressaltar que o catalisador é vítima do desgaste de outros componentes, como velas, cabos de velas e bobinas, além de componentes do sistema de injeção de combustível. Por este motivo a manutenção preventiva destes itens aumenta a vida útil do catalisador.

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RFU: Apesar de ser obrigatório, o catalisador quando danificado é muitas vezes removido do escapamento ao invés de ser trocado por um novo. Quais os danos que essa prática pode trazer ao veículo?

Furlan: A remoção da peça desregula o sistema de injeção eletrônica e a contrapressão do sistema de escapamento, podendo haver perda de rendimento do motor, desgaste prematuro de peças e excesso de ruídos.

RFU: Ouvimos falar de catalisadores falsificados ou piratas no mercado de reposição? Quais os perigos que isso representa e como identificá-los?

Furlan: Os falsos catalisadores geralmente são ocos, ou seja, não possuem a colmeia cerâmica, que é justamente onde acontece a reação química, transformando os gases tóxicos provenientes da queima do combustível em gases inofensivos.

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RFU: Além de manter o desempenho do veículo em ordem, podemos dizer que o catalisador visa também a saúde da população?

Furlan: Com certeza. O catalisador é responsável por converter até 98% dos gases emitidos pelos motores dos veículos e é fundamental para a saúde da população, evitando mortes prematuras, internações, além de gerar economia para o Sistema de Saúde.

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