Formula Truck

Um show de velocidade sobre 4,5 toneladas

Desde que se firmou como uma das categorias mais importantes do automobilismo nacional, a Fórmula Truck tem por trás uma estrutura digna de campeonato mundial

Texto e fotos: Carolina Vilanova

Fórmula Truck brasileira completou 20 anos com porte de categoria top do automobilismo mundial. Com uma estrutura grande e muito bem organizada, a empresa Formula Truck perdura por mais um período de incertezas econômicas com valentia. Chaves dessa conquista: qualidade e trabalho duro de um lado, velocidade, diversão e segurança do outro.

O quartel general da Fórmula Truck fica na bela cidade de Santos, litoral de São Paulo. Num espaço que foi crescendo e crescendo com o passar dos anos. Crescendo fisicamente, tecnologicamente e sustentavelmente.

Lá, além de abrigar três equipes que disputam a categoria, é também onde tudo começa e termina, ou seja, na hora de preparar para mais uma etapa e de trazer os brinquedos para casa, sempre em toda segurança.

Entre as equipes que ficam na sede da categoria, a ABF Mercedes-Benz é um time oficial da fábrica, e conta com dois caminhões, pilotados por Wellington Cirino e Paulo Salustiano. Divide o galpão com a equipe ABF Racing Team Mercedes-Benz, que tem Rogério Castro como piloto e a Mercedes-Benz Copacol Truck Racing, dirigido por Diogo Pachenki.

Como é o caminhão

Um Mercedes-Benz Axor 2540 na versão canavieira novo ou seminovo dá vida ao bólido da Truck. A cabine de fábrica vem do tipo leito e então é trocada pela cabine simples pequena e o chassis é encurtado de 3,60mm de entre-eixo  para 3,25 mm. O diferencial de série é da Meritor.

Para embalar esse bruto, o motor original OM 457 LA de 6 cilindros e 12 litros, incialmente com 440 cv de potência passa por uns ajustes até alcançar em média os 1100 cv. A turbina é do tipo marítima para motores de 16 litros. “Para conseguir esse desempenho, troca-se os cilindros, pistões, bicos injetores e outros segredinhos”, diz Altair Batista Felix, o chefe da oficina e irmão do fundador da categoria, Aurélio Batista Felix.

Motor original Mercedes-Benz de 440cv
Motor original Mercedes-Benz de 440cv
passa para cerca de 1100 cv de potência

Apesar de ser muito restrita em relação à emissões, de poluentes, Formula Truck não usa mais catalisadores nos seus caminhões. O diesel utilizado é o Petrobras Pódio, o mesmo do posto de gasolina.

“Como existe a punição para quem emitir fumaça, foi implantado um equipamento exclusivo na categoria: o detector de fumaça, que funciona eletronicamente coma função detectar o excesso de fumaça nos caminhões. É composto por uma central eletrônica interligada a um conjunto de sensores posicionados no cano do escapamento”, diz Altair.

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O câmbio é original da MB, do tipo manual mesmo, não é sequencial como na maioria das categorias do automobilismo. A direção é hidráulica refrigerada com óleo. Os freios hidráulicos t têm refrigeração tanto a ar quanto com água. “Um disco de freio dura um único treino ou a corrida, não é usado mais do que isso”, comenta.

Os pneus também são originais com 17 mm de borracha, que é raspada para chegar a 3 mm do TWI, esse é o limite.

f_truck_6Ainda temos a telemetria, que analisa parâmetros como velocidade, giro do motor, pressão dos freios, direção e comparativos entre pilotos. Todos esses e outros dados podem ser acessados sempre entre os treinos ou depois da corrida.

Para garantir a competitividade e o equilíbrio na categoria, os caminhões dos três primeiros colocados na classificação geral contam com o restritor de potência, chamado entre os pilotos e mecânicos de restritor de sucesso. Funciona como um lastro, e reduz em até 70 cv a potência dos veículos, conforme sua posição no campeonato.

O primeiro colocado na classificação geral terá um redutor de potência – instalado na turbina – seis milímetros (74mm) mais estreito do que os outros, o que significa uma perda de algo em torno de 70 cavalos. Já o segundo perde cerca de 50 cavalos com uso do restritor de 76mm, enquanto o terceiro, com a abertura reduzida para 78mm, tem a perda de 30 cavalos. Todos os outros têm a abertura de 80 milímetros.

No box da Formula Truck

Os profissionais que cuidam dos caminhões mais velozes do mundo são mecânicos oriundos de concessionárias ou oficinas de caminhões originais, alguns vieram do automobilismo. Na equipe ABF por exemplo, tem seis pessoas que tomam conta dos dois caminhões, mais o engenheiro da fábrica. Um eletricista é responsável pelos seis caminhões, além disso, contam ainda com laminadores e pintores.

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Os caminhões vão montados na carreta até o autódromo, dentro de carretas exclusivamente preparadas para a viagem. Também levam dois motores reservas e peças sobressalentes para motores, como jogo de pistões, anéis, cilindros, bronzinas, cabeçote, válvulas e todos os tipos de juntas. Ainda levam dois câmbios, que se for necessário, é trocado inteiramente.

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Todo esse trabalho faz da Formula Truck uma das mais atrativas opções no automobilismo nacional, atraindo os melhores pilotos para o certame e marcas de renome que utilizam a categoria como laboratório de testes, afinal, lá os veículos são levados ao extremo. E o público gosta do espetáculo que completou esse ano 20 anos, com muita velocidade e diversão.

 

 

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